Passaporte para a Empregabilidade
Objetivo do projeto
O objetivo do projeto “Passaporte para a Empregabilidade” era criar uma metodologia inovadora (plano de formação para o emprego e empregabilidade) a ser replicada em toda a Europa e que significasse um aumento do número de reclusos que se inserem no mercado de trabalho e não reincidir na criminalidade.
O projeto foi desenvolvido pela cooperativa Aproximar e pelo investigador Caio Miolo, durante sua investigação de doutoramento em Design (Universidade de Lisboa). Este projeto foi co-financiado pela União Europeia (Erasmus+).
Duração do projeto
Fevereiro a julho de 2018.
Pesquisa
Por meio de revisão bibliográfica e entrevistas com pessoas cumprindo pena na prisão ou na comunidade, foram levantados alguns pontos mais relevantes para uma reinserção social adequada. Entre as questões levantadas, optou-se por trabalhar principalmente em 3 delas: ajudar a desenvolver competências para a empregabilidade e dar conhecimento sobre os recursos comunitários existentes para apoiar as pessoas que acabaram de cumprir a pena, como habitação, alimentação e outros tipos de apoio.
Planeamento e Design
A partir da identificação das questões a serem trabalhadas, foi proposto que o programa fosse dividido em módulos que contemplam os objetivos do programa, a saber: Módulo 1, Empoderamento para a empregabilidade, visando o autoconhecimento, estimulando o autoconhecimento dos detentos. estima e criatividade, auxiliando no reconhecimento de suas habilidades, competências e na compreensão das dificuldades e oportunidades que podem enfrentar quando livres; Módulo 2, Jornada para a empregabilidade, com foco mais prático, sobre como procurar emprego, como elaborar currículo, carta de motivação e como se comporta uma entrevista de emprego; e Módulo 3, Preparação para a saída, revelando quais recursos comunitários estão disponíveis para ajudá-los, como usá-los e também como planejar a fase de saída e retorno à sociedade.
Dentro desses três módulos, 20 ferramentas foram criadas ou adaptadas para compor o kit. Por exemplo: “Quem me representa?” Para conhecer um pouco sobre os presos na primeira seção, criando um ambiente mais favorável à comunicação, são crachás contendo cada imagem de um animal diferente. A proposta é que cada um dos presos escolha o crachá com a imagem do animal e explique o motivo da escolha; “Expectativas & Receios”, outra atividade criada, tem como objetivo questionar os reclusos sobre o que esperam do mercado de trabalho, as reações dos empregadores e quais os receios que têm ao procurar emprego, bem como à saída da prisão; “Como fazer um CV”, uma atividade explicativa, visa ensiná-los passo a passo como fazer o seu CV, sugerir ferramentas digitais que possam utilizar; “Como se comportar em uma entrevista de emprego”, estruturado através de uma técnica, Role-playing; “Touchpoints”, para identificar o que cada um deles pode fazer em diferentes momentos antes ou depois de sair da prisão para facilitar a sua reintegração social.
Implementação
Após o planejamento, foram realizadas as oito sessões, cedidas pelo gestor da cooperativa e pelo designer. Ao longo das oito sessões, obteve-se a participação voluntária e regular de 12 reclusos, que se encontravam em cumprimento de pena na prisão, para que fossem libertados da prisão em menos de dois anos. Em relação à idade, 8 deles tinham entre 25 e 35 anos, e outros quatro tinham entre 40 e 65 anos. As sessões contaram com a presença de 8 a 12 delas. As ferramentas do kit já foram testadas com reclusos de um estabelecimento prisional (EP) portugues em 2018 e deverão ser utilizadas noutros EPs.
O processo de implementação decorreu em oito sessões na unidade prisional de Sintra (Portugal), entre junho e julho de 2018.
Conclusões
O projeto foi muito bem avaliado pelos participantes, que responderam a um questionário. De uma forma geral, as respostas a “relativamente ao que esperava”, “objectivos e resultados de aprendizagem” e “aplicação prática dos conteúdos” foram classificadas como muito boas ou excelentes. As avaliações também foram feitas considerando a observação dos formadores durante as sessões e a assiduidade, desde a participação voluntária. A participação variou entre 8 e 12 participantes por sessão. Os participantes mostraram-se muito interessados e engajados em suas atividades. Durante os intervalos, eles aproveitaram para compartilhar suas experiências em relação à empregabilidade.
Este programa de formação, intitulado “Passaporte para a Empregabilidade” foi premiado na 5ª edição do Prémio Solidariedade, promovido pelo BPI e pela Fundação “La Caixa”. O Prémio Solidariedade visa apoiar projetos que promovam a transição e reinserção na vida ativa de jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social, bem como a promoção das suas necessidades básicas.