Coisas de brincar: design participativo nas margens

Investigadora: Camila Andrade dos Santos
Este projeto toma como objeto de investigação os espaços e equipamentos públicos destinados às atividades lúdicas infantis, assim como as formas de ocupação e uso desses locais e artefatos por seus utilizadores – as crianças que os frequentam. Planejados ou ausentes, estruturados ou não, tais espaços são tomados como objeto de análise, para discutir o direito à cidade de parte desses pequenos cidadãos, residentes em margens urbanas, no Brasil e em Portugal. No tratamento desse objeto, em todas as suas particularidades, e adotando uma perspectiva dialógico-prática, mobilizamos uma série de autores que tratam da temática da infância em seu direito à brincadeira, assim como daqueles que discutem o desenvolvimento da urbe desde o momento em que seria local de trocas e encontros, e durante o qual prevaleceria o valor de uso, até a contemporaneidade, quando passam a imperar o valor de troca e os interesses do mercado. Orientados pelo design participativo, valorizamos os saberes tácitos e a capacidade de agência das crianças no diagnóstico, planejamento e cocriação de espaços e coisas de brincadeira. Tendo como universo empírico dois bairros localizados nas margens da Área Metropolitana de Lisboa (Cova da Moura e Bairro da Torre), em Portugal, e dois no Brasil (Vila Maresia e Bairro da Liberdade), situados na Ilha do Maranhão, desenvolvemos quatro experimentos sociais de design. Estes, ensaiam formas de fazer design que resultem em coisas socialmente úteis, prevalescendo a agência, a criatividade, os anseios e necessidades e respeitando as individualidades das infâncias, indicando dispositivos e princípios norteadores para a participação de crianças em processos de pensar lugares e artefatos lúdicos com vistas à cocriação de coisas de brincar, sobretudo em áreas marginais às cidades, porém não somente estas.